Numa manhã comum de uma sexta-feira comum, um garoto comum de 17 anos, 1,80cm, moreno, cabelos negros cacheados a altura dos ombros, magro (não raquítico apenas magro), ligeiramente atraente chamado Fábio, descia pela rua de casa, dirigindo-se ao trabalho como fazia todas as manhãs.
Mas essa manhã era diferente. Era especial.
Naquele dia, Fábio e sua namorada Sofía, completavam um mês de namoro. Fábio, que nunca fora bom em dar presentes, estava inquieto, pensando em algo perfeito para dar à Sofía.
No fim da rua, perto da grade de uma casa abandonada, havia um jardim de rosas vermelhas. As rosas eram lindas e bem cuidadas, embora Fábio nunca tivesse visto ninguém na casa, ou mesmo, alguém que fosse até o jardim tomar conta das rosas.
Sempre que Fábio passava pelo jardim, dizia um alegre bom dia às rosas. Mas como havia dito antes, essa manhã era diferente.
Fábio notou a presença de uma rosa negra, com um perfume suave que lembrava o perfume de Sofía. Fábio então decidiu dar aquela rosa para sua amada, pois a rosa, além de ter o perfume suave, era negra como os longos cabelos lisos de Sofía.
Sofía era linda. Pele branca levemente bronzeada, 16 anos, cabelos lisos longos que quase passavam o meio das costas, 1,65cm, corpo de mulher (um corpo muito desenvolvido para sua idade) e doce como o perfume das rosas. Às vezes Fábio pensava como Sofía fora se apaixonar por ele.
Ao pegar a rosa negra, Fábio espeta a mão. O ferimento parece mínimo, mas começa a sangrar.
Como estava ainda na rua de casa, Fábio resolve voltar para passar algo no ferimento e já colocar a rosa num vasinho com água. Ao chegar a casa, põe a rosa em um vasinho de cristal com água e deixa na estante do quarto. Após colocar o vasinho no lugar, vai ao banheiro lavar o ferimento, que insistia em sangrar.
Enrolou uma faixa na mão e saiu novamente em direção ao trabalho.
Ao passar pelo jardim das rosas, reparou que o pequeno caule da rosa negra que arrancou, sangrava.
Espantou-se com o fenômeno, mas resolveu seguir. Ao sair da frente da casa, um vento frio bateu-lhe, fazendo sentir como se alguém o soprasse a nuca. Fábio arrepiou-se, mas seguiu andando.
À medida que se afastava da casa, o sangue do ferimento parava de correr.
Quando se aproximava do cyber café onde trabalhava, notou que o ferimento tinha parado de sangrar completamente. Retirou a faixa e surpreendeu-se, pois o ferimento havia sumido.
Girou a chave lentamente, empurrou a porta e quando começava a entrar, o carro do pai de Sofía passava. Sofía, de dentro do carro, mandou-lhe um beijo. Fábio retribuiu e entrou.
Ao entrar, ligou os computadores, passou uma leve vassourada no chão e sentou-se na poltrona que ficava no servidor.
A manhã passara rápido, e quando se deu conta, já era meio-dia. Fábio lembrou-se que iria almoçar com Sofía, então fechou tudo e fora em direção à casa de Sofía, que ficava a duas quadras dali.
Chegando a casa, Sofía o recebeu com um longo e delicado beijo. Após o beijo, Fábio disse que tinha achado um presente lindo, que combinava com Sofía, mas manteve segredo sobre o que era. Após o almoço, Fábio leva Sofía até sua casa, para que possa entregar-lhe o presente.
Quando entraram no quarto de Fábio, notaram que a água do vasinho de cristal estava num tom avermelhado.
Então, novamente o sangue do ferimento de Fábio (que havia sumido, mas reapareceu como mágica), começou a correr em grande quantidade.
De repente se ouvem vozes agudas e bem afinadas que diziam “Você pagara por ter tirado ela de nós!”.
Sofía, assustada, pergunta a Fábio o que está acontecendo. Fábio entra em pânico, puxa Sofía para fora do quarto e tranca a porta. As vozes continuavam mais altas, o sangue jorrava do ferimento. Fábio e Sofía não sabiam o que fazer. Fábio acaba desmaiando por causa do excesso de sangue que perdeu então Sofía começa a chorar desesperada, tremula e gelada de medo. Como as vozes não cessavam Sofía, num golpe desesperado, tenta contato. Pergunta o porquê daquilo tudo, e as vozes respondem “Ele nos tomou nosso bem mais lindo para dar a você, então o tomaremos de você para que pague pelo seu ato!”.
Passados alguns minutos, Fábio acorda e vê que não há mais sangue na casa. Procura por Sofía na casa toda, mas não a encontra. Resolve ir até o quarto onde tudo começou, mas vê que a porta esta trancada pelo lado de fora, como ele deixara antes de desmaiar. Ao girar a chave e entrar no quarto, depara-se com o corpo de Sofía na cama. Chorando, Fábio toma o corpo de Sofía em um abraço, o último abraço, toca os lábios gelados de Sofía. Lábios esses que emanavam um calor sem igual. Então lhe beija os lábios, o último beijo. Enquanto chorava, Fábio percebe Sofía carregava à rosa negra nas mãos.
Nesse instante, voltaram às vozes que dessa vez diziam “Você tirou nossa a razão de viver, então tiramos a sua”.
Sofía é enterrada no cemitério municipal dois dias depois. Fábio, no mesmo dia, re-planta a rosa negra ao lado do túmulo de Sofía e volta para casa. No caminho de volta, percebe que as rosas estavam murchas e secas. Ao fechar os olhos para dormir, lembrava-se do corpo de Sofía atirado na cama. Ao levantar-se, ouvia a voz de Sofía em meio às outras vozes agudas dizendo-lhe “Junte-se a nós, meu amado Fábio”. Fábio veste uma calça, pega um punhal por segurança e sai em direção à casa abandonada.
A casa, que já era assustadora durante o dia, parecia monstruosa e ao mesmo tempo, viva naquela madrugada de inverno.
Fábio caminha lentamente pela estrada de pedras lisas, feita no meio dos jardins de rosas secas. À medida que se aproximava da casa, seu coração batia mais rápido e o medo tomava conta de sua mente. As vozes insistiam em reaparecer. Quando Fábio entra na casa, um silêncio infernal toma conta da casa, só se houve o sopro do vento gelado. Fábio volta os olhos para o meio da sala vazia e vê Sofía, que dizia “Você veio, junte-se a mim meu querido Fábio...”. Fábio responde “Vou pra onde você me levar.”.
Nesse momento, Sofía segura às mãos de Fábio (que traziam o punhal), e afunda no peito de Fábio, que cai no chão.
Até hoje, dizem que Fábio ficou louco e se matou.O fato é que ninguém sabe explicar porque nascem rosa vermelhas dos túmulos de Fábio e Sofía.